3.1.10

Sinais



São só as primeiras horas do dia e eu estou tão cansado, ainda assim não consigo dormir. Então vou para o quintal e fico contando estrelas e lembrando. E como estou sozinho todas acabaram de nascer no universo, e neste pedaço de mundo em que estou consigo ver a todas. E vou dando nome as constelações conforme minha vontade. Brincando de enviar sinais, para que alguém me responda, com reprovação o quão fácil é se perder nas horas, contando estrelas. Se essa voz de reprovação fosse conhecida, e de fato no meu coração ela é, eu não me zangaria e responderia tranquilamente :
" - Não me perco. todas as estrelas tem o mesmo nome. O seu. Parto deste ou daquele eixo, trópico, linha imaginária ou o que seja e a contento volto para a luz dos seus olhos."
Mas a voz não vem e eu fico aqui contando estrelas e com tristeza. Não existe homem que tenha tal quimera de contar estrelas para espantar a saudade, que ligue para os pequenos jogos de poder de crianças que agora dormem certas do que por natureza cosmica é incerto.
E quando nascer o dia, e eu perder os sinais que me guiam por essas horas noturnas, só resta no meu bolso um toco de lápis gasto, folhas de papel pelo chão com nomes, números, posições e esperança de milhares de noites tão claras quanto essa, mas menos solitárias.



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