13.1.10

Piece



Podem falar o que quiserem...
Podem tentar encontrar as desculpas que quiserem para justificar as próprias insatisfações e contradições.
Posso até não ser o herói da história, que salva o dia montado num cavalo branco . Mas tão pouco sou o vilão que ao menor disabor rejeita o próprio coração e sai satisfazendo simples vontades para melhor compor cenários onde possa existir.
Não vou me arvorar em palavras de outros, sentimentos de outros, condições de outros preexistentes em relações anteriores ou ulteriores a qualquer tempo.
Não esperem que eu tenha medo se me cospem no rosto, se esquecem o som da minha voz para fantasiarem palavras que jamais sairiam da minha boca. Não me peçam prazo, medida e forma para assimetrica e assepticamente sentir essa noite de medo. Sinto tristeza. Muita, sempre novas, maiores e mais sentidas. Mas não medo. Pelo menos não este tipo de medo sem rosto. Tão pouco existe espaço em um coração que já é tão machucado e vazado por lanças de maledicências para a raiva que se resuma a este fato em particular. Se é com a raiva que se lançam contra as minha ações, se eu também sofresse desse mal como poderia combatê-lo ? Existe sim um espaço para a ira em mim, mas não sem também saber a sua dimensão e seu alcance. Ira profunda, obtusa e vermelha. Mas sabendo as cores com as quais quer pintar o quadro o artista não pode escolher o melhor momento para usa-las ? Ou não usa-las. Minha ira é arma contra as injustiças e não para combater moinhos de vento e medos sem rosto .
Eu amo a chuva. Sons, cheiro, momento. Mas ainda assim ela não cai quando é um dia de calor segundo a minha vontade. Ainda assim eu amo a chuva...
Então porque sentiria medo ? Raiva ?
Sou um homem que chama a tempestade para a própria vida todas as vezes que puder.



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