28.11.10

Depois de tantos anos, enfim ganhando intimidade com a História


3 - Três


Tenho cada vez mais certeza que a real felicidade é aquela que construimos. Com erros, acertos, dificuldades, mas a nossa singular felicidade...
E no final a única insatisfação é a do tempo que se dobra em si mesmo e encerra um dia bom.
Conto os segundos pelo que vem adiante...

21.11.10

And now we fall ... but stand up because this is the greatest love


Agora a gente cai...mas levantamos porque este é o amor maior.
Meus olhos se enchem da mesma substância dos sonhos dos poetas todas as vezes em que me vejo perdido no seu abraço. E o encontro... cada novo encontro tem a suavidade de uma brisa em um dia quente e o peso que tem a criança para a mãe.
Sou muitos. Para alguns sou nada. Das escolhas que pude fazer, escolhi ser o homem que te amava, quando os signos conspiravam e nublavam seu semblante. É alvorada dos sentimentos... é tempestade de palavras. É o meu amor maior. Na passagem da tormenta, me descubro vivendo noite. A sua chegada é a chegada da primeira estrela...
É noite. E também alvorada. Confusão das horas de saudade.
E homem e menino sonham. A tempestade encanta, como encanta o brilho repleto de vida desses olhos que perfuram o véu da noite, e o coração anuncia a chegada daquela que durante todo o dia me acompanha nos sonhos de dias infinitos para este sentimento. Na revolução que se coloca contra o tempo a verdade... a única verdade.
Mariane. Este é o amor maior.

17.11.10

Na imensidão do quarto... Aquela vontade de ouvir sua voz. De como reparei na formiga no canto.


- Eu sou feliz, como aquela formiguinha escondida cruzando o seu quarto agora...
- Nem repara, ela la no canto !
- Oh, oh ! Deu um pulo.
- Escutou ?
- Como nao ?
- Hoje ela esta com um sapato italiano último grito entre as formigas. Esse tipo de felicidade convicta entre as formigas...
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E veio a pergunta :
"- Posso pisa-la ?"
- Poder pode... mas e as prestaçoes do sapato ? Faltam 10 ainda...
- Poder a gente pode a todo tempo. Sem querer as vezes... acabar com a alegria das formigas, trocar o açucar por sal no açucareiro. Essas pequenas maldades que as formigas ignoram porque andam felizes demais, e que deus cochicha para algum anjo:
" - Eh bicho bobo, andar feliz com as outras quatro patas descalças..."

10.11.10

Splash


(..)
isto não é um poema.
poemas são um tédio,
eles te fazem
dormir.

estas palavras te arrastam
para uma nova
loucura.

você foi abençoado,
você foi atirado
num
lugar que cega
de tanta luz.

o elefante sonha
com você
agora.
a curva do espaço
se curva e
ri.

você já pode morrer agora.
você já pode morrer do jeito
que as pessoas deveriam
mo-rrer:
esplêndidas,
vitoriosas,
ouvindo a música,
sendo a música,
rugindo,
rugindo,
rugindo.

Charles Bukowski

Aquela aula bacana

7.11.10

Cumbersome


Ela faz falta.
Ela faz muita falta. Não é uma dependência maluca ou subserviente. Pelo contrário, o ar que a circula inspira tanta liberdade (uma das muitas coisas nela que eu amo). Mas a falta é sentida...
Meu dia está indo assim, caminhando em direção ao seu crepúsculo. Vou assim equilibrando em mim esta vontade de sair correndo, diminuir as distâncias...
" - Oi."
Tenho esse amigo que adora a produção do Paulo Leminsky e para provoca-lo sempre comento que um poeta que não faz muita rima é meio poeta. Idiossincrasia e blasfêmias minhas a parte, eu reconheço onde o tom do Leminsky se aproxima do James Joyce, é assim no silêncio, nas ausências, no ponto final que perturba. O hiato presente nesse dia, entre a espera e o temor do vício só fazem as horas passarem ainda mais devagar.
No final de tudo, as vezes eu complico a vida dela, mas a força que está presente quando estamos juntos é arrebatadora. Sentida na ausência, eco em toda a existência.
Eco em mim, de tudo de bom que faz o dia brilhar. Melhor dizendo, fazendo justiça e para desencargo de consciência, como apropriadamente escreveu Leminsky:

"pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando"

Isso de querer
ser exatamente
aquilo que a
gente é ainda
vai nos levar
além

Futuros Empregos - Opção nº 5.698 - Rede de Lanchonetes do Almirante Ackbar

2.11.10

Aquelas pequenas coisas pelo caminho para sorrir.



De como pedi a intervenção de Neruda, para que você confiasse e segurasse minha mão, quando o som do trovão surgisse


Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

Over there



"Não tenho lágrimas o suficiente para dizer o quanto dói isto."
De modo geral é esse o primeiro pensamento que passa pela minha cabeça, quando me deparo com alguma situação maior do que as minhas forças. Não sou alguém metódico ou um hábil estrategista. De modo geral estabeleço um desafio para comigo mesmo e tento alcançar o objetivo final quando este se mostra bom. E sim, quando existe um problema no percurso, eu me questiono sobre como isso me abalará. E sim, as vezes descubro em mim a falta de lágrimas para expressar o quanto a dor é profunda. O diferente destes últimos anos é a tentativa. As lágrimas podem até não atingir a real dimensão de como eu me sinto, mas elas não mais se ausentam...
Quando um problema tem forma, rosto, dimensão que o seja, pode até ser que não seja superado, mas ao menos dá a chance de um combate aberto. E eu por mais que não busque confrontos, jamais me desviei de um problema. Quando o problema é na alma alheia o que fazer ? O que fazer ? Como fazer ? Brigar ? Chorar ?
A ausência...
De tantos questionamentos. Só me restou a profunda certeza. Resoluto.
"Não tenho lágrimas o suficiente para dizer o quanto sua ausência doeria."
Na alma alheia, este preconceito que entorpece os sentidos, turva o carinho, cria distancias e caminhos errôneos não permanecerá, visto que tenho lágrimas (e sorrisos) suficientes para fazer peso em toda a criação.
Em mim existem agora todas as idades. Sou criança brincando de ser dono da rua, correndo em volta dela. Sou homem agitando uma bandeira tremulando ao vento dos desafios a frente. E a noite (e que seja noite para esse medo), sou um sábio que viveu 1.000 anos e não encontrou maior motivo para a existência do que ver a mulher amada em sono tranquilo. E o coração que deveria ecoar pelo quarto o som final da última batida, permanece...
"Não tendo lágrimas o suficiente para dizer o quanto eu te amo, permaneço mais um dia e vejo em você minha manhã. E o medo se foi. E a lágrima única que escorre pela minha face é de felicidade que o coração já denunciava. "
Por mais que ninguém note. Por mais que o preconceito jamais se desfaça. Por mais que todas as lágrimas não bastem, uma única, rolando a face, seguida de um sorriso terá a capacidade de dizer tudo.