11.1.10

Coisas legais das férias... a resignação



Não vou trabalhar com metalurgia.
Não vou terminar meu livro.
Não vou a todos os lugares que planejei, entre os quais o show fo@#$! do Iced Earth.
Não vou ver todos os filmes e nem ler todos os livros que pretendia.
Não vou matar a saudade de todos os amigos e amigas de quem senti falta ao longo do ano passado.
Não vou me dedicar ao menos nesse mês a aprender a tocar um instrumento com um mínimo de coordenação motora.
Não vou meditar o suficiente para acalmar a tormenta dos sentimentos. Vou deixar a porta aberta o suficiente para um pouco de mal humor, que ser sempre esclarecido sobre as coisas as vezes enche a paciência.
E como ganhei essa companhia dos muitos "não", as razões imediatas para as situações que já não existiam (olha o não de novo), ficam ainda menos privilegiadas em minha vida.
Essa resignação ate faz parte do dukkha, mas eu não me atreveria a chama-la de "grande verdade". É de certo modo um profundo e triste passo ao largo das tristezas maiores ou mais insistentemente presentes. Que se não enlouquecem de vez, não deixam de fazer tão pouco , marcas profundas e doloridas.
Poucas são as coisas que me irritam nessa vida. Entre elas a mais significativa sem dúvida é isso de me reduzir a um "modelinho", predeterminado de movimentos de ação face o apertar de um botão.
"- Fulano é assim. É bonzinho."
"- Ah Fulano, goste de fulana! Combinam."
"- Fulano, você fez isso. Então merece isso."
"- Por que você ajudou fulana ? Tem coisa aí né ?"
Fazer isso comigo é me tirar a liberdade das palavras, o carinho dos olhos e saudade de pessoas que realmente significam o suficiente para terem ouvido e aí com toda a propriedade de se nomear, esquecendo isso de "fulana".
"- hey ! gosto de você."
"- Sinto saudade."
Eu tenho boca, opinião e cara de pau suficiente para saber o que quero e não quero para a minha própria vida torta...
O suficiente para detestar essas minhas defesas "in dubio pro reo"," fumus boni iuris" das minhas pretensas virtudes no meio do deserto. Discursos inflamados sobre as minhas verdades e sem pretensão alguma de que essas sejam de outras pessoas, a qualquer tempo. Em algum momento gostaria de parar de fazê-los. Por ter ao meu lado pessoas que se não entendem, ao menos respeitam e me ouvem o suficiente e de certo modo por me ouvir, conseguem enxergar quando eu não disser nada o quanto eu estou feliz pela companhia delas.
Mas esse é um outro "não" a acrescentar a esta lista.
Não vislumbrar para tão cedo essas ilhas de tranquilidade para minha vida. Ainda que eu sincera e honestamente acredite que elas possam existir em algum ponto perdido neste caos.



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