8.8.10

Anjos, moscas e finais de semana



Eu gostaria de ser sucinto, para não dizer honesto, quando o dia se vai assim e eu descubro que fiquei dando voltas em torno de mim mesmo. Resumidamente... eu me sinto vazio, nestes últimos tempos.
Isto eu consigo. Consigo dizer a causa de ter sorrido tão pouco nos últimos dias de ter me tornado mais amargo e pragmático. Eu que nunca fui de viver muito no mundo sonhos, nos últimos tempos encontro por lá uns poucos momentos de paz. E vou vivendo assim, de viagens planejadas para dias que não voltam. Velas a todo mastro, aproveitando o vento leste da saudade dos muitos nomes que passam pelos meus ouvidos e lábios.
E vou assim, me aventurando, com o risco de uma vez de volta aos momentos felizes, não querer mais voltar.
E eu não quero...
Eu não quero...
Fico parado e tento realizar o milagre de mover todo esse vazio presente, para ser um fragmento que seja daquele outro eu perdido no tempo. As vezes, consigo. As vezes passo da conta e volto a ser criança com os joelhos ralados depois de cair do carrinho de rolemã. A pele que ganhava o tom escarlate do mercurio cromo, anunciava ao mundo : "tenho fome de viver". E esta lembrança me aquece...
As vezes sou aquele com a cabeça no colo, tateando as curvas da perna, ouvindo a respeito do dia que ela teve e algo engraçado que viu na T.V. O sapato que quer comprar ou de como também gosta de café bem quente no leite frio pela manhã. E esta lembrança me aquece. E eu sou infinito naquele abraço tão quente, ouvindo o som do meu coração. E eu era tão feliz... quantas vezes eu me perguntei até quando ? Eu sabia que acabaria...
Sou um homem tolo a procura de respostas. E todos não são ?
Aos primeiros passos descobertos sobre a receita desta confusa vida, adicionam-se outras questões e mais outras e assim por diante. Infinita ignorância. Infinita vontade. Finito eu.
Eu não fugi. Eu dei voltas em mim mesmo, voltei a um tempo que esta perdido, mas eu não fugi. Antes com estes longos passeios eu acreditava que em elipse a cada novo circulo de palavras, pensamentos, emoções aqui ou no passado eu inevitavelmente me aproximava do dia de vê-la de novo. Como se o destino conspirasse ou bem possivelmente algum deus desconhecido ouvisse minhas preces. Mas isso nunca acontecerá. O que eu sei agora é deste vazio. É bem possível que meu coração e eu estejamos distantes, cada um em seu próprio caminho...
Ouviu coração ?
Quando regressar, bata palmas bem alto no portão da casa.
Não diga nada se passou apuros por aí em seu caminho, ou das vezes que foi ferido. Apenas me tire desta marcha de rolar pedras montanha acima, eu e Sisifo. Mas não seja arrogante, achando que só você me trara novidades. Tenha paciência, pare e me ouça... talvez o unico presente que eu posso te dar coração depois de tantos momentos que visitei e que descobri que foram dadivas suas, seja esperança... somente esperança. Quando o sono chegar, ou um abraço novamente nos fizer sorrir talvez, mais uma vez consigamos eu e você descobrir o porque de guarda-la no bolso, protegida, com folhas de ouro... doce esperança.

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